Capitulo II
Bia
Bia sempre foi uma guerreira. Ou
pelo ao menos sempre teve o espírito de uma. Logo cedo perdeu seus pais e desde
então viveu fugindo para não ir para um orfanato. Aprendeu a viver em todos os
tipos de lugares, a se defender e a se esconder de qualquer autoridade que
aparecesse.
Mesmo assim, nada tinha sido como aquilo. Ela
havia sido atacada por dois homens sem razão alguma. Mas não eram homens normais.
Tinham asas e seus rostos definitivamente não eram normais. Pareciam anjos, só
que do mal. Se fingiam de pessoas normais vestindo jaleco e chapéu. Quando a atacaram,
Bia não pensava que eram tão fortes. Eles eram fracos, praticamente só tinham
uma pele meio esverdeada quase preta e ossos. Ninguém diria que eles eram fortes.
Era algo sobrenatural com certeza.
Eles a capturaram quando estava dormindo, dentro
de um prédio abandonado. Ela ainda conseguiu se soltar e lutar com eles, mas
eles conseguiram jogá-la em uma parede, fazendo-a desmaiar. Depois disso, ela
acordou dentro de um caminhão amarrada, que mesmo sendo feito de cordas normais,
tinha um nó tão bem feito que nenhum dos melhores ilusionistas ou artistas de
circo poderiam se soltar. Mesmo assim, Bia tinha uma carta na manga. Sempre
tinha. Além do mais, havia aprendido a fugir várias vezes de a levarem para o
orfanato. Sempre quando a prendiam, ela sempre fugia.
Enfim, ela tinha um plano que tinha que
executar rápido. Seja onde for o lugar onde eles iriam levá-la, não seria bom
lugar. Mas seu plano também envolvia um segredo, o qual ela não contara pra
ninguém.
A história do segredo era amarga. Bia tinha
poderes sobre humanos.Ela controlava chamas, e além disso às produzia.Este era
seu maior segredo,mas o pior deles.Sua mãe morrera devido à seus poderes.Aos
sete anos enquanto estava em casa junto à sua mãe em Goiânia, e um ladrão foi
furtar sua casa.Ele iria matar sua mãe, quando ela morrendo de raiva fez um
circulo de fogo ao redor de seu corpo.O ladrão assustado fugiu,mas a casa
começou a pegar fogo.Com o susto por causa do ladrão a mãe de Bia desmaiou.A
menina ainda tentou fugir com a mãe,mas não conseguia carregá-la.Sua mãe
morreu,mas Bia parecia ser imune ao fogo.Quando seu pai chegou,também morreu
asfixiado de também por queimaduras ao tentar salvá-las.Como era criança,Bia
ficou transtornada.Quando os policiais e bombeiros chegaram,a casa estava toda
queimada e os pais de Bia estavam mortos.Ela havia fugido.Desde então vivera na
rua e a policia à procurando.Ela vivera anos tendo que roubar comida,viver com
mendigos e viver em prédios abandonados.Ao longo dos anos a garota aprendera a
sobreviver na rua, à lutar e controlar seus poderes.Agora mesmo amargurada com
o passado,iria usá-los a seu favor.
―Agora sim. Chegou a hora de sair daqui ―
disse ela a si mesma.
Assim, ela queimou as cordas facilmente.
Levantou-se, logo após criando duas adagas de fogo em suas mãos. Fez um buraco
com as adagas nas portas do caminhão, pensou um pouco no que iria fazer e se
jogou do caminhão no meio da pista. Quando ia cair no chão, jogou as adagas
contra o mesmo, o que fez diminuir a força da queda. Mesmo assim, a garota
ainda estava muito machucada. Mas ainda conseguia ficar de pé.
Mas no mesmo instante, percebeu que ainda
nada estava acabado. De longe, um lobo gigante ia se aproximando. De longe, um
lobo gigante ia se aproximando. Chegando, o mais incrível aconteceu, o lobo
gigante foi criando uma forma humana até virar um homem normal.
―Se vai me atacar, saiba que será difícil,
você não me dá medo ― Bia falou, com medo.
―Criança, eu vim salvá-la. Não seja
insolente! ― disse o lobo (ou homem, no caso) ― Mas parece que cheguei um pouco
atrasado.
O homem lobo não parecia uma pessoa boa. Mas
também não parecia uma pessoa má. Mas Bia havia aprendido a não confiar nas pessoas.
Estava pronta pra lutar caso fosse preciso.
―Criança?!Você não me conhece. Posso ser
mais perigosa do que você imagina! ― ela parecia pronta pra recriar as adagas
em suas mãos.
Neste momento, os dois homens ― ou
monstros que prendiam a garota ― saíram do caminhão. E não pareciam satisfeitos
por ela ter destruído seu caminhão.
A partir disso, o homem-lobo voltou à sua
forma de lobo, e correu em direção aos monstros, atacando um deles.
Bia também não ficou para trás. Também
correu ferozmente, criando as adagas de fogo e atacando um dos monstros. Ela
rapidamente o matou, pulando e o cortando ao meio, pulverizando-o. Dessa vez
foi mais fácil, usando suas adagas. O mesmo aconteceu com o outro, após o lobo
o atingir com as garras.
―Tudo bem, você pode até ter me ajudado, mas
não é só com isso que você pode pensar que vou confiar em você ― ela fez uma
cara de desapontamento,como se quisesse confiar nele,mas não pudesse ―, além
disso, eu mesma poderia detê-los.
O lobo voltou à forma humana.
―Ah, meu deus!Você poderia confiar mais
nas pessoas!Ou pelo ao menos reconhecer que eu te ajudei!
―Você acha mesmo que eu vou confiar em um
homem que vira lobo? ― disse Bia abrindo um pequeno sorriso.
―Tudo bem então... ― ele ficou mais sério
― Você tem que vir comigo.
―Como assim?Pra que? ― ela também voltou à
seriedade ― Pra você me seqüestrar, matar, ou o que?
―Se você não vier comigo, ai sim você
estará morta ― disse ele ― e vai estar morta por gente que não é humana!
Bia tentou fingir que estava bem com
aquilo da morte, mas por dentro estava bem diferente. Mas não iria se passar
por uma garota fraca e dependente.
―Isso é mentira ― ela tentou se convencer
―, além disso, eu consigo muito bem me virar sozinha!
Neste momento, Bia já sabia que era verdade.
Depois de tudo que havia passado e só pelo fato de ter poderes, ela não podia
dizer que era mentira. Mas não podia se passar por fraca.
―Não importa, o fato é que não só você
como todo mundo estará em seu fim se não vier comigo ― ele agora falava mais
sombriamente.
―Olha, está bem. Eu admito que essas últimas
coisas são bastante estranhas ― concordou a garota ― Mas se você tentar alguma
coisa contra mim saiba que não viverá pra contar a história.Eu sou perigosa!
―Mas você irá?! ― perguntou o lobo.
―Irei, mas você sabe o que eu disse. Além
disso, eu também quero respostas!
―Agora venha, suba em minhas costas quando
eu virar lobo.É bem mais rápido que um ônibus.E você não terá que pagar ― falou
o lobo,sarcástico.
―Você se acha demais, sabia ― disse ela ao
lobo.
―Vou tentar ignorá-la. ― ele mudou de
assunto ― nós teremos que ir até São Paulo.
―Mas já é noite, além disso, nós
demoraremos demais. Aqui é Goiânia. Precisamos descansar.
Bia estava todo o tempo fingindo estar bem.
Na verdade estava muito machucada e cansada. Precisava de um banho e uma noite
de sono.
―Mas temos que chegar logo, você pode ir
dormindo em minhas costas. Não precisamos parar, eu não me canso ― falou o
homem lobo.
―Ainda não entendi... Para que iremos lá?O
que eu vou ter que fazer?
―No momento você não pode saber, mas logo
as explicações virão ― ele falou ―, mas iremos acabar com os monstros que
tentaram te capturar. Será difícil, mas com a ajuda dos outros vocês
conseguirão.
―Que outros?
Agora, ela estava totalmente confusa.
O homem lobo riu.
―São as pessoas que irão te ajudar.
―Eu não preciso de ajuda ― ela tentou
novamente parecer durona ― Eu não confio em pessoas. Elas traem,machucam,são
más.
―Às vezes a gente tem que confiar para
tudo dar certo. A gente não pode fazer tudo sozinho ― ele mudou de assunto
novamente ―, mas esqueça,é melhor irmos.
E foram. Era um longo caminho, mas o homem
lobo era bem rápido realmente. Ele conseguia ainda ser bem mais rápido que um
carro normal.
Eles passaram a madrugada toda viajando e
passaram por várias cidades e estados. Eles até podiam ir pela estrada, pois o
homem lobo era tão rápido, que não se conseguia ver ele direito, somente seu
vulto.
Bia agüentou o máximo que pode. Mas estava
muito cansada. De todos os dias em que passara fugindo, aquele definitivamente
havia sido o pior. E ela ainda estava confusa sobre tudo que havia acontecido. Enfim,
logo ela se recostou no lobo e dormiu sem nem perceber.
Como sempre acontecia, ela teve um sonho
fora do comum. Ela sempre tinha sonhos daquele tipo, principalmente quando
estava preocupada ou nervosa.
Enfim, nessa noite não sonhou com nada assustador,
como algum monstro ou coisa do tipo. Na verdade estava em algum lugar que ela
não conhecia direito, mas reparando direito logo percebeu. Ela estava em algum
lugar de São Paulo, próximo à um metrô.Em sua frente haviam dois garotos.Mas a
imagem estava borrada,não conseguia identificar seus rostos.Mesmo assim ela
sabia que não os conhecia.Não conhecia ninguém de São Paulo,não mesmo.Um deles
parecia estar falando com ela,e estava sorrindo,já o outro tinha olhos
verdes,mas não estava falando.
Ela ainda tentou falar, mas parecia que
tinham apertado o botão mudo. Não conseguia falar, e assim os dois ficaram
falando para o nada.
Ele estava definitivamente falando com ela.
Mas não havia som algum. Após isso a imagem borrou mais,mas o som
voltou,parecendo uma televisão com problemas de transmissão de sinal. Ela ainda
conseguiu ouvir alguma coisa:
―É...
Meu nome é Is... ― disse o garoto que parecia falar com ela anteriormente.
Ela ainda tentou responder que seu nome
era Bia, e nada saiu. Ela ainda conseguiu ver uma sombra de uma garota em cima
de alguma coisa, como um cavalo. Mas aí o sonho mudou. Ela estava agora em
outro lugar, parecia um depósito enorme, com muitas coisas velhas. Mas em seu
centro havia algo que chamava atenção, era um trono. E nele tinha uma mulher. Como
estava longe e borrado, Bia não conseguia descrevê-la. Mas ela parecia uma rainha.
Parecia ser poderosa e má, como uma dessas madrastas de contos de fadas, só que
pior. Mas aí o sonho borrou mais. Ela acordou.
Quando acordou estavam ainda na estrada,
mas agora era quase de manhã, o sol já havia nascido e devia ser quase nove
horas da manha. Agora estavam mais descansada, pronta pra enfrentar mais mil
monstros como aqueles que a capturaram. Eles estavam perto de São Paulo. Bia já
conseguia ver aqueles milhares de prédios que envolviam aquela cidade. Mas nem
isso conseguia a distrair. Só conseguia pensar em seu sonho. Nunca tinha sido
tão estranho e tão forte. Ela pensava naquela rainha e o quanto ela parecia
má. Também pensava no nome daquele garoto, e se já havia o conhecido. Mesmo assim, ela
sabia de uma coisa, não podia confiar nele. Provavelmente não seria coisa boa.
Mas agora eles estavam em São Paulo, e Bia tentou afastar esses seus
pensamentos.
Capitulo III
Arthur
Arthur perdeu seu pai. Sua mãe
estava quase no mesmo caminho. Agora, ele foge para poder salvar a própria
vida, o que no momento parecia impossível.
Enfim, o dia antes dos acontecimentos
trágicos estava indo bem. Era ano novo, e pela primeira vez não ia passar a
data com a família. Ele passara o dia do ano novo inteiro na casa de amigos,
mas ele não esperou até a meia noite. Esta hora ele tinha que estar com seus pais,
como o prometido. Então, logo voltou para a casa, às onze da noite. Como não
era longe, ele veio a pé mesmo.
Estava tudo bem, até chegar em casa e a
situação se mudar por completo. E ia mudar o curso não só de seu dia, mas mudaria
também o curso de sua vida. Seu pai estava caído no chão, derramando sangue, e
por mais que Arthur não quisesse acreditar, ele provavelmente estava morto. Mas
ele não podia chorar ou fazer outra coisa, tinha que ser forte. Já sua mãe
também estava machucada, com cortes nos braços. Pelo ao menos ainda estava
consciente, mesmo que estivesse caída no chão e não conseguisse se levantar de
dor. Os dois pareciam feridos por facas ou algo do tipo.
Arthur ainda não percebido por causa de
seus pais caídos no chão, mas no canto da sala onde estava havia uma coisa
muito estranha. Era alguma coisa de aparecia humanóide, mas que se olhar
direito parecia um monstro. Ele tinha um facão cheio de sangue em suas mãos. Provavelmente
o que ele usara para ferir os pais de Arthur.
Como era de se esperar, Arthur entrou em pânico.
Ficou exatamente como uma estátua. Até que o monstro sorriu ironicamente e
falou com ele.
―Parece que chegou tarde meu jovem. Quer dizer,
ou na hora certa para que eu o capture.
―Arthur, vá embora!Corra, pode me deixar aqui,
você tem que se salvar! ― disse a mãe de Arthur.
―Não posso deixá-los aqui ― falou o
garoto.
―Vá Arthur, nós ficamos bem. Somente se
salve! ― disse ela.
Arthur não queria deixá-los junto aquele monstro.
Ele iria matar sua mãe. Mas pensou melhor. Se ele fugisse, provavelmente o
monstro iria correr atrás dele. O monstro queria capturá-lo. Sua mãe conseguiria
salvar. Já ele poderia tentar fugir do monstro. Pelo ao menos não estava sem
poder andar, nem mesmo machucado. Se ficasse lá, provavelmente ele e sua mãe
morreriam.
E ai ele correu. Como o previsto, o
monstro o seguiu. Agora, talvez ficasse bem. Mas agora seu problema era grande.
Teria que fugir daquele monstro, e esse era o único problema de seu plano, pois
ele não tinha a mínima idéia de como fugir de como fazer isso se tornar
realidade.
Ele correu por toda a cidade, que estava
muito escura aquela hora.Já devia ser quase meia noite e ele ali,fugindo de um
monstro.Não havia ninguém na rua que o ajudasse,somente mendigos que não
entendiam direito o que estava acontecendo.
Enfim, mesmo sendo rápido, o monstro o
encurralou em um beco que antes parecia uma saída para uma rua. Agora Arthur
estava sem saída.
―Agora sim. Você ainda achou que iria
escapar?Ninguém consegue escapar de mim, ainda mais você! ― disse o monstro, com
desprezo ― quem diria que uma criança como você pudesse ser um guardião!
Sem esperar ele terminar de falar o quanto
ele era forte e que ninguém escaparia dele, Arthur deu a volta nele e conseguiu
fugir. Assim, o monstro somente se descontrolou. Virou-se rapidamente e jogou
seu facão pelos ares e, pela pouca sorte de Arthur, atingiu a pêra direita do mesmo.
Por sorte não decepou sua perna. Mesmo assim agora quase não tinha forças para
ficar em pé, mesmo que ainda conseguisse. Mas agora ele tinha uma vantagem, o
facão estava no chão perto dele. Mas estava bastante machucado, e não ia ser
com um facão que ele iria vencer o monstro. Entretanto, Arthur tinha um plano e
sabia o que fazer. Ele iria para o mar.
Muitos pensariam nessa idéia como idiota. Mas
Arthur tinha um segredo. Desde pequeno, a água sempre o fazia bem, e não era
somente isso, ela também o recuperava de qualquer coisa, bastava se molhar e em
pouco tempo se recuperava. Além disso, ele também podia ficar dentro da água o
tanto de tempo que quisesse, sem precisar respirar. Como morava no Rio De Janeiro,
no litoral, não ia ser difícil encontrar uma praia. Se ele conseguisse chegar
ao mar, o monstro não conseguiria pegá-lo, ele não poderia respirar debaixo da água.
Pelo ao menos era o que Arthur esperava.
Dessa forma, ele saiu correndo, ou ao
menos tentando correr, juntamente ao facão do monstro. Já o monstro ia andando,
e mesmo assim já conseguia alcançar rapidamente o garoto. O plano de Arthur não
daria certo. Ele teria que lutar.
Assim, ele virou rapidamente, tentando
surpreender o monstro, o qual estava atrás dele. Dessa forma, com o facão, conseguiu
ir pra perto do monstro fazer um corte em sua barriga. E em seguida girou e o
atingiu na perna. Parecia que mexia há anos com armas. Mesmo assim, o monstro
era forte. Ele conseguiu tomar o facão da mão de Arthur e a jogou metros de
distancia.
Mesmo assim, o monstro estava mal. Ele
estava agora com um pouco de dificuldade de andar, mesmo o corte não sendo tão profundo.
Arthur finalmente poderia ter um pouco de esperança. Mais alguns metros e ele conseguiria.
Já estava próxima a restaurantes fechados próximos a praia.
―Garoto, o que está tentando fazer? ― ele
parecia sentir dor ― Não há como conseguir escapar.
―Então iremos ver ― falou Arthur ― Mais
alguns metros e não conseguirá me pegar.
―Espere...! ― ele parecia mais preocupado
― eu sei o que está tentando fazer. Você... Você não pode!
Arthur sorriu.
―O pior de tudo é que eu posso.
Assim, ele pareceu ganhar mais força, correndo
mais rápido do que podia, assim finalmente conseguindo entrar no mar e
escapando do monstro. Antes de entrar, Arthur ainda conseguiu ver o monstro.
Felizmente, ele parecia não conseguir entrar na água. Aí, Arthur foi para o
fundo do mar, para não ter o risco de o monstro o pegar. Uma de suas
habilidades também era nadar. Ele conseguia nadar mais rápido do que qualquer
humano conseguiria.
E assim ele ficou no fundo do mar até o
dia começar a clarear. Ele subiu para a margem e parecia já ser quase seis horas,
e o sol começava a aparecer. O monstro não estava mais o esperando, já deveria
ter ido embora. Arthur resolveu ir para a terra. Mas havia uma coisa. Era um homem.
Mas alguma coisa nele intrigava Arthur. Ele era bem maior que um homem normal, tinha
cabelos pretos, lisos e grandes. Na verdade, ele parecia muito um índio. Tinha
olhos um pouco repuxados e não usava muita roupa ― o que era desagradável.
Arthur não queria fugir, mas estava intrigado.
Aquele não parecia mal. Mas também não parecia bom. Entretanto, depois de
enfrentar um monstro na ultima noite, um homem não era tão grande coisa assim.
Enfim, ele parecia esperar alguém. Quando
viu Arthur, seguiu em sua direção. Mesmo sem ter explicação, o garoto não
queria fugir. Quando ele foi chegando próximo, e quando Arthur ia pensando que
ele iria matá-lo, o homem parou em sua frente e começou a falar:
―Você é Arthur Victor ― falou tentando
forçar um sorriso ― você deve vir comigo.
Novamente, Arthur estava atordoado.
―Como assim?Uma pessoa que eu nem conheço
quer que eu a siga?Porque eu deveria segui-lo?
―Porque se não você e todos que você
conhece morrerão ― falou o homem, como se estivesse dizendo para eles irem para
o shopping ―, mas o bom disso é que você terá a chance de salvá-los.
―Que animador ― disse Arthur, sarcástico ―
Mas quem é você?O que está acontecendo e como eu irei salvá-los?
Arthur não conseguia acreditar que poderia
salvar alguém. Se não fosse verdade, ele riria.
―Olha, você viu um monstro com certeza.
Então, existem milhares daqueles que você terá que vencer com seus dons. Você
precisa ir comigo até São Paulo, ou o mundo estará acabado. ― falou o homem.
―Dons?E essa coisa de milhares?Deus que me
perdoe! ― perguntou o garoto.
Arthur sabia do que ele poderia estar falando.
Mas quanto mais gente soubesse de suas aberrações, seria melhor.
―Olha garoto, você deve vir comigo. A
única coisa que você deve saber é que, toda sua vida estará acabada se não for.
Agora, Arthur estava bem mais convencido. Que
não ficaria mais convencido?
―Tudo bem, eu vou. Mas antes preciso saber:
quem é você, o seu nome?
―Eu não tenho nome. Na verdade sou um
lobo,mas nunca me deram um lobo ― ele respondeu,fazendo uma cara de desolação ―,
mas não importa meu nome. O que devemos fazer é ir logo, ou não conseguirá
salvar nem você nem esse mundo que você vive.
Definitivamente, o homem ― ou lobo ― não
sabia fazer alguém se sentir bem. Mesmo assim, Arthur concordou em ir. De
alguma forma ele sabia que deveria ir junto ao lobo. Tinha realmente algo
importante a ser feito.
―Enfim, vou me transformar em lobo e você
sobe em minhas costas ― falou o lobo ― iremos chegar amanhã cedo.
Arthur assentiu.
―Tudo bem. Vai ser ótimo montar em um
lobo!
E assim eles saíram da praia e seguiram
por perto de uns restaurantes que começavam a abrir até chegarem numa pista
atrás dos restaurantes e o homem começou a se transformar em lobo. Se fosse
outra pessoa, sairia correndo desesperada, mas para Arthur, depois daquela
noite passada ele não duvidaria de nada.
O lobo realmente era algo incrível e sobrenatural.
Era bem maior que um lobo normal. Arthur subiu em suas costas. Estava animado, poderia
ser bem legal e diferente andar em um lobo. E assim eles foram.
O caminho foi bem rápido e, mesmo
totalmente recuperado continuava cansado. Dormiu um pouco nas costas do lobo
por um tempo, mas a maior parte do tempo passou acordado. O lobo não parou um
segundo e nem se cansou.
Logo após um tempo o sol já havia
aparecido por completo. Eles estavam chegando a São Paulo. Devia ser umas oito
horas. Arthur pediu que fossem tomar café primeiro. Ele estava quase para
desmaiar e cair do lobo.
Assim eles foram. O lobo voltou a sua
forma humana e eles tomaram café em uma velha padaria de um subúrbio em algum
lugar da cidade. Comeram um simples salgado e um suco. O lobo queria sair sem
pagar ameaçando o balconista, mas Arthur insistiu e pagou com algumas que havia
no fundo de seu bolso. Ele se perguntou como essas moedas haviam sobrevivido.
―Aonde nós vamos exatamente? ― falou
Arthur enquanto terminava seu salgado.
―Nós temos que ir a uma estação do metrô. Não
sei qual é, só sei que é a principal, a que costuma ter mais gente. Hebrat só
me ensinou como chegar lá, mas não o nome. ― respondeu.
―O que nós iremos fazer?Quem é Hebrat?!
―Ele
será quem o contará o que deve fazer. Ele também é meio que meu mestre.
Arthur não quis perguntar mais. Talvez fosse
melhor perguntar para esse tal de Hebrat.
―Nossa!Já são mais de nove horas ― o lobo
apontou para um relógio na padaria ― Temos que ir logo, Hebrat pediu que
chegássemos umas nove ou dez horas.
E assim eles foram. Logo estariam no metrô
de São Paulo.